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quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Solidão em um mundo evoluído.

por Renata Dias

Mais um dia amanheceu, levantei tarde, é dia de folga, que bom poder dormir um pouco mais. Arrumo-me, como alguma coisa, quieta, refletindo sobre a vida, limpo a casa ansiosamente para ligar o computador e ver meus e-mails, meu Facebook, e descobrir quem está on-line no msn.

Ao acessar a rede, encontrei algumas mensagens novas, frases prontas, vi as fotos novas de algumas pessoas, quantas poses, quantos sorrisos. Tentei escrever algo interessante para as pessoas pensarem que sou uma pessoa culta, inteligente, pensei também em escrever algo descolado, colocar um vídeo da Beyonce, ou dos comerciais do queijo Panda, assim todos saberiam que sou moderna, atualizada, e que talvez seria um ótimo partido, isso poderia render bons comentários. Mas não me lembrava de frase alguma, peguei um livro na estante, falava de ética, vícios e virtudes, escolhi uma frase. Parecia ter ficado bom, culto, interessante, mesmo não sabendo nada a respeito daquele escritor. Mas e agora, o que fazer se já esgotei meus quinze minutos de euforia? Agora o que me restava era olhar a vida dos outros "curiosidades". Quanta gente no bate papo, alguns amigos, mas a maioria não. Porém, tão breve comecei a sentir uma sensação estranha de vazio. Engraçado, mas eu nunca consegui ter uma crise de risos em frente ao computador, e nunca consegui sentir uma alegria como a que eu sentia aos 10 anos, no recreio sentada com as amigas. Por vezes, reflito sobre como meus amigos ficaram pequenos aqui nessa tela de computador, sempre colocam as melhores fotos, assim como eu também coloco, ninguém quer parecer, feio ou triste no mundo virtual. Mas enfim, na internet temos a mania de sempre mostrar que estamos bem, bonitos e felizes.

Mas hoje estou triste e preciso de uma amiga de verdade, e se ela estivesse no msn, de repente poderia cair sua conexão e a ilusão de que ela estava atenta a mim se perderia em segundos.

A vida na internet é fictícia, até que se prove o contrário, somos protagonistas de nossa própria história, melhorada. É uma distração perfeita, segura, barata, quando dentro dos limites. Mas em qualquer circunstância, me afasta do contato presente com as pessoas, me isola, me assusta a rapidez do “oi”, do “tchau”, dos “bjs”, do “eu te adoro”, do "eu te amo”. Antes para uma amiga me adorar, eu tinha que fazer valer, hoje em dia na internet todo mundo se ama, se adora.

Com milhões de mensagens prontas, para que perder tempo em criar algo novo?

Com tantos amigos e diversão, para que perder tempo em olhar para o lado na mesa da lanchonete?

Agora a conexão caiu, fico nervosa, que desespero, que tristeza, justo agora que ia adicionar umas fotos e editar esse texto em meu blog! Fazer o que nesta tarde parada de um feriado qualquer?

O jeito é sair e dar uma volta, quem sabe conhecer pessoas imperfeitas, de sentimentos e calor humano, ainda sonho com uma crise de risos, em uma mesa qualquer junto das amigas imperfeitas, mas que me olham nos olhos quando eu falo.